2018-03-22
“A escala dos desafios sobre o tema água nos obriga a pensar como trabalhar juntos. Já o fazemos, mas temos que fazer mais. Temos a necessidade absoluta de encontrar soluções inovadoras, não só pelos problemas imediatos, mas, por exemplo, por questões como o emprego. Três de quatro empregos no mundo dependem de água. Por isso a UE tem colocado a água no epicentro dos programas de pesquisa que apoia há muitos anos e deve continuar a fazê-lo no futuro”, afirmou o Embaixador João Gomes Cravinho, chefe da Delegação da UE para o Brasil (DELBRA), em discurso na abertura do evento.
O secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTIC, Dr. Álvaro Prata, ressaltou que ciência e tecnologia são decisivas para as políticas de saneamento, “uma questão muito crítica para o Brasil”, para as crises hídricas e para o manejo dos recursos. “O MCTIC, em parceria com a União Europeia, tem feito várias ações bilaterais e, nessa questão da água, vamos estreitar ainda mais os nossos compromissos”, disse.
Para o professor Dr. Christian Kazner, da Universidade de Ciências Aplicadas e Artes Northwestern, da Suíça, a poluição gera riscos para a qualidade da água e impõe desafios sanitários de custo elevado, que demandam alta tecnologia. “As técnicas para tratar a água que consumimos ainda são bem caras e a água de qualidade, um recurso que vem se tornando cada vez mais escasso. Tecnologias de reuso de água podem ser uma solução para até mesmo para o consumo humano, mas pouquíssimos países utilizam água de reuso para consumo. Ainda há muito preconceito em torno disso”, explicou.
No caso do Brasil, uma solução seria a dessalinização da água do mar, observou o especialista em recursos hídricos e saneamento, professor Dr. Antônio Eduardo Lanna. “Todas as capitais brasileiras passam, neste momento, por uma crise hídrica séria ou estão na iminência de passar. A maior parte das capitais está próxima do mar, uma característica interessante do nosso território. Isso traz uma possibilidade para ciência e tecnologia”, avaliou.
Segundo Lanna, os custos da dessalinização estão abaixo de um dólar por metro cúbico de água. “É um valor muito próximo do custo de se buscar água doce longe, como são os investimentos feitos por cidades brasileiras. Outro ponto é o desperdício no fornecimento. Nosso sistema de abastecimento urbano tem perda de até 30% de água tratada. Nossos sistemas merecem ser aperfeiçoados para reduzir esses números.”
Dr. Sanderson Leitão, Assessor da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTIC, alertou que a oferta de água não acompanha a demanda nacional. “O Brasil concentra 12% de toda a água do planeta. No entanto, 70% dos recursos hídricos estão na região Norte. Acontece que as cidades crescem, as demandas aumentam e a oferta, por uma série de razões, não acompanha esse crescimento.”
Ao discursar no encerramento do evento, a Vice-Diretora Geral do DG Research, Dr. Joanna Drake, ressaltou que os desafios da água são também uma oportunidade. “Investir em água significa criar empregos e continuar focando em crescimento sustentável. Para dar um exemplo concreto, na UE o setor de tratamento de águas residuais movimenta em torno de 100 bilhões de euros por ano e gera 600 mil empregos. Inovação é a chave para aumentar esse potencial. Isso confirma que temos que colocar ciência e política juntos”, afirmou.
Drake convocou os participantes do simpósio a pensar nos próximos passos da parceria entre UE e Brasil. Segundo ela, os Diálogos Setoriais são um caminho promissor nesse sentido. “Eu gostaria de convidar os ministros responsáveis por ciência e meio ambiente e os secretários estaduais que possuem relação com a gestão da água a se juntarem a nós para construir essa cooperação. Desta forma, poderemos não apenas discutir, mas também implementar ações concretas.”
Organizado pelos Diálogos Setoriais UE-Brasil em parceria com MCTIC, DG Research and Innovation/Comissão Europeia e Water JPI, o simpósio aconteceu paralelamente ao 8º Fórum Mundial da Água e faz parte de um projeto apoiado pela Iniciativa de Apoio aos Diálogos Setoriais para promover o debate político sobre os desafios da água e sua relação com outros grandes desafios, tais como saúde e bem-estar, saneamento, cidades sustentáveis, mudanças climáticas e desenvolvimento socioeconômico.
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