2018-03-27
A missão brasileira, responsável pelo projeto “Estudo das Cadeias Produtivas dos Materiais Críticos: oportunidade e ameaças da economia circular”, participou, no período de 25 de fevereiro a 2 de março, de encontros com empresas europeias que atuam no Brasil e que estão implementando práticas de economia circular, além de ter produtos que dependem do metal nióbio, considerado matéria-prima crítica pela Comissão Europeia, e estratégica para o Brasil. Representada por Carlos Cesar Pieter, tecnologista sênior do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e responsável do projeto, e Efigênia Rossi, Doutoranda em Ciências da Engenharia Ambiental pela Universidade de São Paulo – USP, a missão conta com o apoio dos Diálogos Setoriais.
O termo economia circular é recente e vem sendo adotado pela União Europeia por meio da Plataforma Europeia de Alto Rendimento para a Eficiência dos Recursos (EREP) que reúne governos, empresas e organizações da sociedade civil. Tem como proposta a ampliação e otimização do consumo de recursos naturais, materiais e energéticos, conceitos de design de produtos, remanufatura, extensão de vida útil, reutilização e reciclagem de materiais.
Já em relação aos materiais críticos, como o caso do nióbio, o Brasil tem participado, junto com outros países latino americanos, do Diálogo UE-América Latina sobre Matérias Primas” (EU-Latin America Dialogue on Raw Materials), no qual tem sido abordadas possíveis áreas de cooperação no âmbito da exploração e produção mineral, sendo que o Centro de Tecnologia Mineral - CETEM/MCTIC e o Joint Research Center (JRC), da União Europeia, tem discutido oportunidades de cooperação em todos esses eventos.
O projeto
Há o interesse mútuo em investigar como uma potencial transição da economia como é hoje para a economia circular poderá abrir oportunidades e/ou gerar ameaças em cadeias de valor importantes. O objetivo principal do projeto é o de estudar as cadeias de valor do nióbio brasileiro em um cenário modelado a partir dos conceitos da economia circular, avaliando as possíveis oportunidades e pontos críticos, de forma a possibilitar o aprimoramento das relações comerciais e socioambientais entre o Brasil e a Europa, tendo como foco as consequências sobre a produção primária de minérios e minerais tidos como estratégicos para o Brasil e críticos para a UE.
A missão
A série de encontros da missão brasileira teve início em Ispra (Itália), para reunião com o responsável técnico do Joint Research Center (JRC), dr. Giovanni Andrea Blengini, e sua equipe, para tratar da execução e planejamento conjunto do projeto.
Depois seguiram para a França, visitar a Renault, para conhecer a unidade que realiza a remanufatura de motores e caixas de marcha, cujo modelo de negócio estabelecido poderá servir para as carrocerias de automóveis na indústria brasileira. Na sequência, a missão visitou o centro de pesquisas de materiais automotivos da siderúrgica ArcelorMittal, empresa na qual o nióbio é um componente essencial para os aços usados em vários produtos de seus clientes: carrocerias automotivas, dutos para óleo e gás e aço estrutural de construção.
A programação foi completada em Amsterdã (Holanda), quando foi à Philips e visitaram a unidade de desmontagem de equipamentos de ressonância magnética nuclear (RMN) e recuperação de peças para uso em novos modelos. Ali, o nióbio é usado nos supercondutores que geram o campo magnético da RMN e são reaproveitados porque sua vida útil é longa.
Na avaliação de Carlos Cesar Pieter, o interesse demonstrado pelas empresas visitadas e a atenção dada à delegação brasileira foram significativos para a continuidade do projeto. “A Iniciativa dos Diálogos Setoriais está aproximando grupos de pesquisadores que estão interessados nos mesmos temas, embora com as suas perspectivas próprias da Europa e do Brasil. Poderemos ampliar cooperativamente a análise de criticidade das matérias-primas, para a Europa e olhar ameaças e oportunidades para o Brasil sem que haja constrangimentos porque estamos todos motivados pelas perspectivas que podem ser abertas com a adoção da economia circular”.
Pieter acrescenta que também o apoio dos pesquisadores do JRC da UE, tem sido fundamental para o desenvolvimento do projeto. “A equipe de pesquisadores irá desenvolver uma nova metodologia de avaliação de situação das matérias-primas, mas pelo lado dos países que os produzem, algo similar ao diagrama de criticidade elaborado pelo JRC para a UE. Nessa nova metodologia serão analisados a situação de segmentos industriais que dependem delas face à cenários em que a economia circular seja introduzida. Também serão avaliadas pelo ponto de vista de ameaças e oportunidades para seu futuro”.
Segundo o tecnologista sênior do Cetem, a próxima etapa, após a missão, será a de encaminhar para as empresas questionários sobre seus modelos de produção e plano futuros no âmbito da economia circular.
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