2018-06-07
As regiões de baixa densidade populacional consistem na última fronteira para o acesso universal à Internet. No esforço de romper essa barreira, especialistas brasileiros participam de duas missões técnicas à Europa para conhecer casos reais de soluções 5G e Internet das Coisas (IoT – Internet of Things) em áreas remotas da Bélgica, Holanda, Itália, Espanha, Suécia e Finlândia
As missões, que têm o apoio da Iniciativa dos Diálogos Setoriais União Europeia – Brasil, ocorrem no âmbito do projeto "O impacto das tecnologias 5G e IoT em regiões de baixa densidade populacional". A primeira passou por Bruxelas e Gent, na Bélgica, Wageningen e Amsterdã, na Holanda, e Verona e Bari, na Itália, de 28 de maio a 1º de junho. A segunda visita Madri, na Espanha, Estocolmo, na Suécia, e Helsinque e Espoo, na Finlândia, entre 4 e 8 de junho.
A primeira missão tem como foco o uso das tecnologias 5G e IoT para o agronegócio. O grupo é formado por Moacyr Martucci, professor titular da USP (Universidade de São Paulo) e Coordenador do IBE (Instituto de Estudos Brasil Europa); Alberto Paradisi, Vice-presidente de Pesquisa e Desenvolvimento do CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações); Guilherme Correa, Analista de Infraestrutura do MCTIC (Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações); e Thales Netto, Coordenador-Geral de Incentivo à Inovação Digital do MCTIC.
De acordo com os especialistas, as tecnologias atuais, tipicamente desenvolvidas para atender as demandas de países desenvolvidos, não são capazes de oferecer acesso à Internet de qualidade de forma economicamente viável em áreas remotas, em função da restrição na área de cobertura e do alto custo de operação. A flexibilidade das redes móveis de quinta geração, conhecidas como redes 5G, pode ser explorada para romper com essa fronteira, permitindo a oferta de acesso à Internet em áreas remotas e viabilizando não só a integração digital de uma parcela significativa da população brasileira, mas também o desenvolvimento de um setor econômico fundamental para o Brasil: o agronegócio.
“Pelas características do nosso país, há muitas oportunidades de desenvolvimento de novos negócios em áreas mais afastadas dos grandes centros urbanos. Em específico, o agronegócio brasileiro seria alavancado por essas tecnologias, em termos de controle de produção, logística, sensoriamento, dentre outras inúmeras vantagens de possibilitar a comunicação e o controle dos ativos eletrônicos do agronegócio”, afirma Rubens de Souza, Coordenador de Inovação Industrial do MCTIC.
Ou seja, a combinação das redes 5G com o conceito de Internet das Coisas (IoT), sendo a primeira um habilitador para a segunda, permitirá a conexão de um número massivo de sensores e dispositivos nas plantações e animais, aumentando a produtividade no campo, por meio da geração de dados e conhecimento sobre variáveis climáticas, condições do solo, posicionamento e movimentação de animais e maquinário nas fazendas, apenas citando alguns exemplos.
“Uma das perspectivas do 5G é a de ter a capacidade de uma área de abrangência/cobertura maior que as atuais gerações de comunicação móvel. Além disso, não podemos pensar em progredir nas gerações de tecnologia móvel somente para os grandes centros urbanos, sem incluir a população que vive, e até mesmo se desenvolve, em áreas mais isoladas do nosso imenso país”, ressalta Souza.
A segunda missão tem como objetivos criar relacionamento com instituições europeias, gerando oportunidades de cooperação com instituições similares do Brasil; conhecer o estado da arte das pesquisas, provas de conceito ou testes sobre o uso do 5G em áreas remotas ou rurais nos países visitados; e entender as soluções de 5G utilizadas em cada país visitado e avaliar se seriam aplicáveis no Brasil.
Além de Rubens de Souza, integram a delegação José Câmara Brito, Secretário Geral do Projeto 5G Brasil - INATEL (Instituto Nacional de Telecomunicações); Fabrício Lira, Smart Agribusiness Manager do CPqD; e Luciano Mendes, Coordenador de Pesquisas do CRR (Centro de Referência em Radiocomunicações) e Coordenador Técnico do 5G-RANGE - INATEL.
Como parte da programação desse grupo, estão visitas aos centros de pesquisas e desenvolvimento da Telefónica I+D, em Madri, da Ericsson, em Estocolmo, e da Nokia, em Helsinque e Espoo, além de visitas a projetos e ambientes de 5G para áreas remotas. A Telefónica e a Ericsson fazem parte do grupo de instituições que atuam no Projeto 5G-RANGE, um dos selecionados para receber apoio dos Diálogos Setoriais UE-Brasil.
Souza destaca a importância dessa parceria UE-Brasil. “O intercâmbio de conhecimentos científico e tecnológico entre Brasil e União Europeia só tende a engrandecer e enriquecer os países que fazem parte da Iniciativa e dos projetos selecionados. Embora existam diferenças sociais, culturais e físicas entre os países, a troca de experiência e as contribuições para tratar de desafios comuns são extremamente relevantes.”
5G e IoT no Brasil
O governo brasileiro criou o Plano Nacional de IoT, que prevê o desenvolvimento e disseminação dessa tecnologia em âmbito nacional. O programa estabeleceu a Câmara de Gestão e Acompanhamento do Desenvolvimento de Sistemas de Comunicação Máquina a Máquina e Internet das Coisas (Câmara IoT), que é um órgão multissetorial instituído por meio do Decreto 8.234, de 02 de maio de 2014.
O Brasil também faz parte do grupo de padronização da quinta geração de tecnologia de comunicação móvel da União Internacional de Telecomunicações (UIT), braço da ONU para setor, por meio do Projeto 5G Brasil, que conta com a participação de empresas de telecomunicações, operadoras, órgãos reguladores, entidades associativas e representativa e academia.
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