O Brasil e a União Europeia têm interesses e problemas semelhantes quanto à temática do desenvolvimento regional. As disparidades socioeconômicas dos territórios trazem a necessidade de políticas para a geração de oportunidades de desenvolvimento para regiões das 27 unidades federativas brasileiras e dos 28 países-membros da UE. As alternativas superam as tradicionais divisões norte-sul ou a distinção antigos-novos Estados, apontando para uma política mais abrangente da concepção de desenvolvimento regional.
Nesse contexto, no Plano de Ação Conjunta de 2008 (JAP-I), o Brasil e a UE propuseram-se a intensificar o Diálogo sobre Política Regional, criado em novembro de 2007 com a assinatura de um Memorando de Entendimento entre as partes. Foram selecionados como prioridades: a) coesão territorial e governança em vários níveis; b) parceria, planejamento estratégico e estratégias de desenvolvimento territorial; c) desenvolvimento da capacidade administrativa; d) capacidade de coordenação; e) comunicação, acompanhamento e avaliação interinstitucional; e f) esquemas de cooperação entre as regiões, incluindo a cooperação transfronteiriça. O JAP-II, de 2011, reafirmou essas prioridades conjuntas. O Diálogo, em sua totalidade, está fortemente baseado em uma troca bidirecional de experiências.
Com base nas prioridades identificadas no JAP-I, foi estabelecido, em 2008, um programa de trabalho para 2009-2011 com duas prioridades principais: a) intercâmbio de experiências, conhecimentos e melhores práticas, incluindo reforço institucional sobre políticas regionais, como desenvolver competências e preparar os decisores políticos e funcionários em níveis diferentes de governo no Brasil – federal, estadual e municipal – sobre o desafio de implementar políticas regionais; e b) suporte técnico para políticas regionais e reforço de práticas, acompanhamento e avaliação de estratégicas em programas e planos regionais integrados.
Em abril de 2011, foi estabelecido um segundo programa de trabalho, que incluiu o período 2012-2015. Foram definidas três áreas principais: a) apoio técnico para reforçar as capacidades institucionais e a governança da política nacional brasileira para o desenvolvimento regional; b) suporte para parcerias bilaterais, projetos, melhores práticas e experiências recomendadas nas políticas regionais e territoriais; e c) apoio a projetos e ações conjuntas para aumentar a cooperação transfronteiriça.
Os parceiros mantêm sessões periódicas chamadas “Oficinas de Planejamento”, para avaliar, analisar e tratar sua cooperação a cada três ou quatro anos. Até a presente data foram realizadas duas sessões, uma para 2007-2010 e outra para 2010-2014.
O Diálogo tem permitido o intercâmbio de experiências em diversas áreas, como: a) coesão territorial; b) governança em múltiplos níveis; c) planejamento estratégico; d) organização de estratégias de desenvolvimento territorial voltadas à redução de disparidades sociais e regionais; e e) desenvolvimento de capacidade administrativa, de coordenação e comunicação interinstitucional e de capacidade de monitoramento e avaliação. O Diálogo também tem viabilizado o desenvolvimento de esquemas de cooperação entre regiões, inclusive cooperação transfronteiriça, fruto das ultimas colaborações; e o estímulo ao apoio técnico para o desenvolvimento e a consolidação de políticas regionais.
Em 2009, cerca de 40 representantes de cinco mesorregiões brasileiras realizaram uma semana de visitas a várias regiões da Europa para conhecer políticas de integração regional desses locais. Em 2010, Brasil e UE colaboraram com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para realizar uma análise territorial do Brasil com objetivo de ajudar as autoridades brasileiras a construir capacidade estratégica em desenvolvimento territorial.
Os parceiros também desenvolveram projetos-pilotos comuns para melhorar a cooperação entre a União Europeia (Guiana Francesa) e o Brasil. Mais de 20 projetos foram aprovados no âmbito do programa FEDER "Amazônia" e um estudo sobre a cooperação transfronteiriça foi realizado em 2010, incluindo também a área da tríplice fronteira Argentina-Brasil-Paraguai.
Durante 2011, 2012 e o primeiro trimestre de 2013, o Brasil e a UE realizaram um projeto de assistência técnica para apoiar os sistemas regionais de inovação em Santa Catarina (BR) e em Córdoba (ARG). Em outubro de 2012, representantes brasileiros participaram de dois seminários dedicados à inovação e à cooperação transfronteiriça realizados durante a Semana Europeia das Regiões e Cidades (Open Days), em Bruxelas. A DG REGIO participou da I Conferência Nacional de Desenvolvimento Regional, realizada, em Brasília, em março de 2013. Também foram realizados seminários sobre desenvolvimento e cooperação nas regiões transfronteiriças; sobre participação social; e sobre monitoramento e avaliação da política regional.
Em 2014, houve um estudo sobre O impacto dos fundos brasileiros de desenvolvimento regional sobre o crescimento econômico regional: uma abordagem espacial, que avalia os impactos econômicos dos fundos constitucionais de financiamento do Nordeste (FNE), do Norte (FNO) e do Centro-Oeste (FCO), apresentado no Congresso da ERSA pelo Brasil, um dos mais importantes fóruns internacionais para a troca de experiências em economia e desenvolvimento regional.