2019-04-02
Noventa integrantes do Ministério Público estiveram reunidas em Salvador, no último fim de semana, para participar da “2ª Conferência Regional de Promotoras e Procuradoras de Justiça – Região Nordeste”. Aberto na tarde da sexta-feira, dia 29, pela presidente do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e pela encarregada de Negócios da Delegação da União Europeia no Brasil, Claudia Gintersdorfer, o evento tem como objetivo colher diagnósticos e reunir propostas para promover a equidade de gênero no sistema de Justiça. Além disso, o seminário apresenta uma perspectiva europeia sobre o assunto.
Claudia falou sobre a “frutífera” parceria com o CNMP, que considera muito importante para fortalecer a política de equidade de gênero. Segundo ela, a Europa enfrenta desafios a respeito desse tema, assim como o Brasil. “Embora as mulheres europeias tenham uma escolaridade mais bem-sucedida que a dos homens, elas ganham 16% a menos por hora de trabalho. Além disso, 44% dos europeus pensam que as mulheres devem cuidar das suas casas e famílias”, registrou, frisando que “lutar pela igualdade entre homens e mulheres não é apenas um dever moral, mas também uma questão de justiça social e de acesso igualitário”.
A representante da UE também lembrou as palavras da Comissária da Justiça, Consumidores e Igualdade de Gênero, Vĕra Jourová: “A igualdade de gênero não diz respeito apenas às mulheres. Trata-se da nossa sociedade, da nossa economia e da nossa demografia. Queremos garantir que as mulheres sejam verdadeiramente iguais aos homens frente à lei. Também continuaremos a trabalhar para capacitar as mulheres, para que possam fazer suas próprias escolhas quando se trata de suas carreiras e suas famílias”.
Em seu discurso, Dodge lembrou que o papel do Ministério Público é essencialmente de proteção e promoção de direitos e que é preciso também cuidar das mulheres que são membros da Instituição. “Não podemos nos esquecer de nós mesmas. A equidade de gênero, uma vez praticada dentro do MP, ganhará mais força na sociedade e em outras instituições públicas, impulsionando a criação de outras políticas públicas que promovam a igualdade entre homens e mulheres”, afirmou.
A presidente do CNMP afirmou que, no mundo moderno, as mulheres enfrentam inúmeros desafios ao pretenderem ser o que querem ser. “O esforço cotidiano é imenso para equilibrar os desafios familiares, conjugais e profissionais”, destacou.
Ainda de acordo com Raquel Dodge, a conferência tem o propósito claro de incentivar as procuradoras e promotoras de Justiça a refletirem sobre os fluxos e obstáculos para ingresso, lotação, permanência e movimentação nas instituições. Ela considera que o evento é o ambiente adequado para examinar boas práticas adotadas nos MPs e refletir sobre a ocupação de cargos de gestão institucional, já que ainda são poucas as mulheres nos cargos de chefia das Procuradorias-Gerais de Justiça. “Aqui estamos presenciando história. Ediene é a primeira mulher procuradora-geral de Justiça na Bahia”, destacou. Ediene Lousado chegou ao cargo após 400 anos de história do MP/BA.
Na abertura da conferência, Ediene abordou a necessidade de que as mulheres se rebelem numa perspectiva de se criar soluções. “Devemos sair daqui com posicionamentos estratégicos que nos permitam definir mecanismos para efetivar os nossos direitos”, ressaltou.
O evento, segundo de cinco que serão realizados até junho, é promovido pela Presidência do CNMP, por meio da Secretaria de Direitos Humanos e Defesa Coletiva e da Comissão de Defesa dos Direitos Fundamentais (CDDF/CNMP), em parceria com a Delegação da União Europeia no Brasil e com as Procuradorias-Gerais de Justiça dos Estados da região Nordeste (Bahia, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Sergipe e Alagoas).
Atração surpresa
“O que você acha que lhe permitiu ser ouvida ao longo da vida?”, perguntou Raquel Dodge à convidada especial da noite, a cantora e compositora Maria Betânia. “Nunca menti. Eu não minto. Sou movida pela verdade”, respondeu num dos momentos mais emocionantes da conferência, durante uma roda de conversa com integrantes do Ministério Público, onde compartilhou histórias, experiências e percepções sobre a carreira e a família.
Atração surpresa do evento, Maria Betânia contou sobre o início da vida artística, aos dezessete anos, e relatou as dificuldades enfrentadas ainda menina, quando já sentia o peso da responsabilidade do sucesso no palco. “Sempre tive apoio e suporte da minha família. Quando contei para o meu pai que recebi um convite pra ser cantora, para substituir a Nara Leão no Rio de Janeiro, ele me disse: Você pode ir. Se você for feliz, você é a responsável. Se não for, eu sou o culpado”, revelou.
Ao falar sobre a mãe, Dona Canô, a cantora arrancou aplausos da plateia. “Minha mãe foi uma guerreira, um exemplo a ser seguido. Mulher forte, líder comunitária talentosa, que fazia de tudo pelo seu povo”, contou, detalhando conquistas da mãe pela cidade de Santo Amaro, onde foi criada. As histórias inspiraram e encorajaram as promotoras e procuradoras que foram à Bahia discutir a igualdade de gênero.
Fonte: CNMP
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