2017-12-22
Especialistas brasileiros participaram de uma missão pela Europa, no período de 5 a 16 de dezembro, com o intuito de conhecerem e compartilharem as melhores práticas de combate ao desperdício de alimentos no final da cadeia alimentar, além das campanhas de comunicação realizadas e as plataformas público-privadas que foram estabelecidas em alguns países da União Europeia. A agenda da comitiva teve início em Bruxelas, seguindo depois para Haia, Wageningen, Copenhagen, Banbury e Paris.
“O foco desta missão foi promover o diálogo entre o Brasil e a União Europeia para que pudéssemos conhecer as melhores práticas locais em relação à destinação de resíduos alimentares, além de identificarmos como podemos influenciar políticas públicas em nosso país para reduzirmos o desperdício de alimentos”, afirma Gustavo Porpino, coordenador de comunicação da EMBRAPA e responsável operacional deste projeto, que tem o apoio de Diálogos Setoriais.
Destaques dos encontros
Em Bruxelas, durante a reunião realizada com a Organização Europeia do Consumidor foi possível conhecer a legislação de alguns países como França e Itália e como estão lidando com o desperdício de comida. “Esse encontro foi bastante positivo, uma vez que foi possível entendermos a cooperação entre diferentes instituições e como fortalecer os Bancos de Alimentos, ambos com o objetivo de detectarmos o desperdício de comida e a segurança alimentar”, comenta Porpino.
Já a DG Health and Food Safety apresentou uma plataforma que conecta especialistas, instituições, pesquisadores e membros de diferentes países, possibilitando que eles compartilhem as melhores práticas adotadas em toda cadeia de desperdício de alimentos.
Na visita técnica feita à Wageningen University, na Holanda, foi possível notar como a parceria entre esta instituição de ensino pública, o governo e o setor privado é proveitosa no sentido de gerar dados estatísticos que demonstram a real dimensão do problema enfrentado pelo país e, com base nessas informações, é possível definir políticas públicas que favoreçam o combate do desperdício de alimentos.
Depois da Holanda, a comitiva esteve na Dinamarca e visitou o Ministry of Food and Nature e o WeFood, um supermercado social que tem apresentado resultados positivos ao ofertar produtos com data de validade próxima ao vencimento e alimentos in natura fora dos padrões estéticos de algumas redes, que são comercializados por preços até 60% menores. A delegação também se reuniu com a ONG Stop Wasting Food, o maior movimento de consumo sem fins lucrativos contra o desperdício de alimentos na Dinamarca.
Em Banbury (Inglaterra), a comitiva se encontrou com os coordenadores do WRAP (Waste and Resources Action Programme), iniciativa de economia circular e idealizadora da campanha Love Food Hate Waste (LFHW).
Na última reunião da missão na Euro Food Bank, em Paris, observou-se o nível de organização da entidade, uma vez que a mesma reúne 321 bancos de alimentos e possui uma governança capaz de escoar o excedente dos produtos alimentícios gerados em toda cadeia, que engloba o varejo, a indústria e o consumidor.
“Durante toda a missão, ficou evidente que a estratégia nacional focada no combate ao desperdício de alimentos nos países visitados, principalmente na Holanda e no Reino Unido, são as parcerias público-privadas, uma vez que elas envolvem todos os setores e as diversas etapas da cadeia, como o varejo e a indústria de alimentos, destaca Gustavo.
Um exemplo desta união é a plataforma Fusion Community of Experts, que reúne especialistas do tema desperdício de alimentos e consumo sustentável para o intercâmbio das melhores experiências em suas localidades. Neste projeto, por exemplo, estão envolvidos os principais atores que a comitiva conheceu durante a viagem, como a Comissão Europeia, a WRAP, do Reino Unido e a Wageningen University.
Próximos passos para o Brasil
Um dos desafios enfrentados no Brasil em relação ao desperdício de comida é a falta de dados quantitativos. As estatísticas utilizadas até o momento são da FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations) e referem-se à toda América Latina -- 28% das perdas acontecem no início do processo e 28% no final da cadeia –, problemas enfrentados pelo país, mas ainda sem o conhecimento desses percentuais.
Como parte do projeto em parceria com a UE, será desenvolvida uma pesquisa para mensurar o desperdício de comida, que poderá utilizar a metodologia criada pela Wageningen University, focada na busca por informações que possam subsidiar a criação de políticas públicas que incentivem o combate ao desperdício de comida em toda cadeia e permitam a criação de campanhas de comunicação que conscientizem e mobilizem o público em relação ao tema.
“Além dessa pesquisa, que pretendemos lançar em julho de 2018, estamos planejando também a realização de um workshop para que possamos debater políticas públicas que incentivem toda a cadeia no combate ao desperdício de alimentos. É imprescindível que toda a sociedade perceba a relevância deste tema, e que juntos, a partir da união de todos os stakeholders envolvidos (consumidores, governo, setor privado), consigamos reduzir a burocracia para que o varejo e a indústria alimentícia doem mais alimentos, fortalecendo assim os Bancos de Alimentos e promovendo maior segurança alimentar para a população de baixa renda”, conclui Porpino.
Participaram desta missão Kathleen Machado, coordenadora de equipamentos públicos de segurança alimentar e nutricional do Ministério de Desenvolvimento Social; Carolina Siqueira, analista do programa alimentação e agricultura da WWF-Brasil; Gustavo Porpino, coordenador de comunicação da Embrapa e responsável do projeto no âmbito dos Diálogos Setoriais UE-Brasil; Aline Bastos, analista de comunicação da Embrapa Agroindústria de Alimentos e Rui Ludovino, ministro conselheiro da Delegação da União Europeia no Brasil (DELBRA). Todos têm envolvimento com iniciativas voltadas para a redução do desperdício de alimentos no final da cadeia agroalimentar.
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