2018-03-27
Painel de alto nível do 8º Fórum Mundial da Água - Foto ASCOM MCTIC
A sessão, que contou com a participação da Iniciativa de Apoio aos Diálogos Setoriais União Europeia – Brasil, teve como objetivo levar o conhecimento científico e os avanços da gestão da água para a formulação de políticas públicas e a tomada de decisões. “O financiamento a longo prazo e a cooperação internacional eficaz são pilares para enfrentar os desafios globais da água e são o coração da política UE-Brasil”, afirmou o Embaixador João Gomes Cravinho, Chefe da Delegação da União Europeia no Brasil.
Na UE, esse investimento chegou a 635 milhões de euros até 2017, segundo o Chefe Adjunto da Unidade Eco-Inovação, Direção Geral de Pesquisa e Inovação da Comissão Europeia, Dr. Panagiotis Balabanis. “Esses recursos foram usados para apoiar políticas relevantes da UE em matéria de água, clima e recursos eficientes; reforçar a capacidade de inovação em água e a aceitação pelo mercado de resultados de pesquisa bem-sucedidos; e fortalecer a cooperação internacional em pesquisa e inovação no campo da água para apoiar a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas”, explicou Balabanis.
A necessidade de cooperação foi reforçada pelo ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab. “O mundo precisa se preparar para ter na água um fator de convergência e não de divergência. Esse fórum é um momento emblemático que mostra que o mundo caminha para a convergência, no sentido de trocar conhecimentos e formar recursos humanos para encontrarmos soluções. Esse evento é a porta de entrada para a visão de uma política pública”, afirmou.
O diretor da Divisão de Terras e Águas da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Olcay Unver, alertou que a demanda por água para a produção de alimentos deve aumentar em 50% até 2050. “É um desafio alimentar a população mundial com segurança. Ocorre que há ineficiência no uso da água. Temos que produzir mais com menos. Para isso, temos que buscar, por meio da ciência, tecnologia e inovação, soluções nesse processo e promover financiamento para pesquisas nessa área.”
O ministro de Energia do Irã, Reza Ardakanian, também destacou o papel decisivo da ciência na busca de soluções para a gestão da água. “Os setores têm que dialogar com a academia, com os cientistas. Precisamos de ciência social agindo como uma cola com cada uma das partes para ser um todo e superar os problemas que temos com a água. Todos os ministros devem assumir compromisso com a água. Defendemos uma política interministerial nesse tema, com todos trabalhando juntos”, defendeu.
Na mesma linha, o diretor de Meio Ambiente da Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE), Xavier Leflaive, afirmou que, “quanto mais investimento no conhecimento mais é possível investigar o uso, a qualidade e os tipos de água que poderemos consumir”.
No entanto, o ex-ministro do Meio Ambiente de Portugal e professor da Universidade de Lisboa Francisco Correa lembrou que conhecimento, tecnologia e inovação sem a construção de políticas públicas não resolvem nenhum problema. “A ciência é fundamental para o desenvolvimento das tecnologias, mas as tecnologias sozinhas não resolvem as coisas. A política deve conduzir os projetos para que a tecnologia funcione.”
Para o Diretor de Regulação da Agência Nacional de Águas (ANA), Oscar Cordeiro, também é preciso conscientizar a população, além dos gestores públicos em todos os níveis. “O brasileiro precisa saber de onde vem a sua água. E a água precisa ter prioridade na agenda política.”
Soluções para o Brasil
O professor Dr. Antônio Eduardo Lanna, especialista em recursos hídricos e saneamento, sugeriu que os gestores públicos brasileiros comecem a considerar a solução tecnológica de dessalinização da água do mar, como países como Israel já usam. “Todas as capitais dos Estados Brasileiros litorâneos entre São Paulo e Ceará passam, neste momento, por uma crise hídrica séria ou estão na iminência de passar. Com exceção de São Paulo, muitas capitais são banhadas pelo mar, uma característica interessante do nosso território. Isso traz uma possibilidade de apoio da ciência e tecnologia para o desenvolvimento de usinas dessalinizadoras de água do mar.”
Segundo ele, os custos da dessalinização estão abaixo de um dólar por metro cúbico. “Este custo tem sido reduzido rapidamente, e se aproxima do custo de se buscar água doce longe, mediante a transposição de água interbacias, como são os investimentos feitos por muitas cidades brasileiras, como a do Rio de Janeiro. Outro ponto relevante é o desperdício na distribuição. Nossos sistemas de abastecimento urbano têm perda de até 40% da água tratada. É necessário reduzir esses números, com aumento da eficiência de disponibilização de água potável, evitando o desperdício de um recurso cada vez mais escasso.”
23/10/2020
Estudo aborda desafios regulatórios e de governança para descarbonizar e digitalizar o setor de energia
16/10/2020
Comunicado à imprensa conjunto – 8º Diálogo Político de Alto Nível União Europeia-Brasil sobre a Dimensão Ambiental do Desenvolvimento Sustentável, em 16 de outubro de 2020
03/08/2020
Webinário destaca importância da proteção de dados na pandemia de COVID-19
22/05/2020
União Europeia e Brasil decidem cooperar em projetos de combate à COVID-19
Financiada pela UE. © Diálogos