2017-12-13
Marcos Álvarez-Díaz
Desde 2010 é responsável pelo Escritório de Programas da UE na GRADIANT (Galician Research and Development Center in Advanced Telecommunications).
Segundo ele, a transformação digital é uma questão-chave na parceria entre a União Europeia e o Brasil. “Todos os setores da economia no mundo enfrentam uma tendência contínua de transformação digital, que não significa apenas operar em um plano de pura tecnologia, mas também no negócio e nas dimensões sociais”.
Alvarez-Díaz revela que embora alguns empregos possam ser eliminados com a transformação digital, especialmente os que demandam baixa qualificação, os trabalhos que exigem pessoas muito qualificadas terão sempre espaço. A exemplo dos que envolvem especialistas em tecnologia digital, programadores, assessores digitais, operadores de sistemas digitais.
Confira aqui o que o especialista e representante do AIOTI falou sobre a 2ª edição do ICT Week e as transformações digitais.
Diálogos Setoriais - Após a 2ª edição do ICT Week, qual é a sua opinião sobre este evento temático e a importância de continuar com as próximas edições? A inovação e a transformação digital são questões fundamentais para serem seguidas no âmbito da parceria estratégica UE-Brasil?
Álvarez-Díaz - Acredito que a transformação digital é uma questão-chavena parceria UE-Brasil. Todos os setores da economia no mundo enfrentam uma tendência contínua de transformação digital, que não significa apenas operar em um plano de pura tecnologia, mas também no negócio e nas dimensões sociais. Creio ainda que as especificidades, a experiência e os ganhos potenciais provenientes da transformação digital que existem tanto na UE como no Brasil, fazem deste tema uma cooperação mútua, que pode trazer grandes benefícios para ambos nos próximos anos.
Diálogos Setoriais - O que podemos esperar em relação à Inovação e a Transformação Digital no mundo? É um risco ou um desafio ser substituído por robôs na maioria das funções futuramente?
Álvarez-Díaz - Para o público, às vezes este debate sobre inovações tecnológicas que substituem os empregos tradicionais é apocalíptico (a propósito, não só os robôs, mas um software poderia eliminar alguns empregos de um escritório). Eu prefiro uma abordagem mais realista e pragmática. Ao longo da história da humanidade, inovações foram produzidas e adotadas em qualquer campo que possamos imaginar simplesmente porque proporcionaram uma maneira melhor de alcançar um objetivo. A palavra "melhor" pode ter muitos significados: com mais segurança, com menos esforço humano, mais barato, mais rápido, mais precisa, de forma mais eficiente, com menos impacto no meio ambiente, de forma mais responsável ... e muitos outros.
Eu realmente duvido que as preocupações sociais (em muitos casos, muito bem fundamentadas) possam impedir que a inovação seja adotada. Ou que ela possa ser adiada em algumas regiões ou países, mas em uma economia global, é difícil acreditar que ela possa ser barrada.
Creio que quando uma tendência de inovação tem o potencial de mudar o status quo social, como pode ser o caso da transformação digital que estamos enfrentando em todo o mundo,é dever da sociedade sereunire primeirocompreender as mudanças que estão por vir e só então planejar e tomar as medidas necessáriaspara adotar de forma sutil a inovação e o o impacto destas mudanças. Vale destacar que uma mudança muito importante e que deve acontecer é no sistema educacional (do primário até a pós-gradução) e também na formação profissional.
Por último, considere isso. Embora alguns empregos possam ser eliminados com a transformação digital, especialmente os pouco qualificados em ambientes industriais, existe um grupo cuja demanda aumentará dramaticamente: especialistas em tecnologia digital, programadores, assessores digitais, operadores de sistemas digitais, etc. Esses empregos são altamente qualificados, o que proporciona grande espaço para talentos locais desenvolverem carreiras promissoras.
Diálogos Setoriais - Comparando com alguns países, o Brasil não está muito desenvolvido em relação à transformação digital. Quais são os principais desafios que o Brasil enfrenta?
Álvarez-Díaz - Embora eu não tenha conhecimento profundo do estado digital de todos os mercados verticais no Brasil, os desafios são exatamente os mesmos que as outras regiões do mundo estão enfrentando: quem não adereà transformação digital corre o risco de ficar atrasado na corrida mundial por produtividade, eficiência e redução do impacto ambiental. E, se fosse para eu aconselhar, gostaria de sugerir que comece com os setores da economia nos quais o Brasil é mais competitivo, como a agricultura, por exemplo (na UE, isso é chamado de "especialização inteligente"), e dentro desses, escolha alguns objetivos que têm o potencial de gerar ganhos ou melhorias rápidas graças à era digital (comumente intitulados como "oportunidades claras").
Diálogos Setoriais - Na sua opinião, quais países são líderes globais e exemplo de inovação e transformação digital? Como o Brasil pode fazer parte da quarta revolução industrial para acompanhá-los?
Álvarez-Díaz - Está claro que as referências neste quesito são a UE, os EUA e o Extremo Oriente (Coréia do Sul, Japão e China). A parceria estratégica com a UE torna o marco perfeito para canalizar a cooperação e trocar esforços para a aceleração da economia digitalbrasileira. Essa cooperação não deve permanecer apenas no âmbito da administração pública, mas também no setor privado, pois é na economia produtiva em que a maior parte da transformação ocorrerá.
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